Com a 7.ª turma do EpiCV, INSP prevê que o país passará a contar com mais de 100 epidemiologistas de campo 

A cerimônia de abertura da sétima turma do Programa de Treinamento em Epidemiologia de Campo (Field Epidemiology Training Program – FETP), conhecido em Cabo Verde como EpiCV, ocorreu nesta quarta-feira, 2 de abril, na cidade da Praia, que marcou também o início do workshop de formação de tutores, promovido pelo Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) em parceria com a Associação Brasileira de Epidemiologistas de Campo (ProEpi) e com o apoio do Banco Mundial. 

O evento contou com a presença do Ministro da Saúde, Dr. Jorge Figueiredo, da Presidente do INSP, Dra. Maria da Luz Lima, do representante do Banco Mundial, Dr. Jorge Noel Barreto, além de profissionais da Direção Nacional da Saúde, do Instituto Nacional de Saúde Pública, do Ministério da Agricultura e Ambiente, representante da Ordem dos Médico de Cabo Verde e das delegacias de saúde de diferentes municípios do país. 

Em seu discurso de abertura, a presidente do INSP destacou os avanços alcançados na formação de epidemiologistas em Cabo Verde, ao ressaltar o crescimento significativo do programa desde a sua implementação. 

“Desde 2021, quando iniciamos esta formação, não imaginávamos que, em 2025, já estaríamos a treinar sete turmas de especialistas em Epidemiologia de Campo de nível básico”, afirmou. 

A mesma também enfatizou que, no início do programa, Cabo Verde não possuía capacidade nacional para conduzir a formação e dependia do apoio da Associação Brasileira de Epidemiologistas de Campo. Naquele período, os formadores eram provenientes do Brasil e da Guiné-Bissau, países que já contavam com especialistas no nível avançado. 

“Hoje temos o grande orgulho de dizer que todos os tutores e mentores deste programa, no nível básico (frontline), são cabo-verdianos. São profissionais dos serviços nacionais de saúde, do Ministério da Saúde e do Ministério do Ambiente e da Agricultura”, frisou ao destacar esse marco como um dos principais avanços do programa. 

A presidente do INSP celebrou ainda o fato de Cabo Verde já contar com 94 epidemiologistas de campo formados localmente e avançar para a capacitação de profissionais no nível avançado, em parceria com o Ministério da Saúde do Brasil. “Isso demonstra que estamos cada vez mais estruturados nesse processo”, concluiu. 

A expectativa do INSP é que o país ultrapasse a marca de 100 profissionais formados em Epidemiologia de Campo após a conclusão da sétima turma. Atualmente, Cabo Verde também conta com médicos-veterinários e engenheiros ambientais entre os epidemiologistas de campo. 

A presidente mencionou ainda a avaliação externa conjunta de 2019, que identificou como uma das principais deficiências do país, no que se refere à resposta a emergências de saúde pública e ao cumprimento do Regulamento Sanitário Internacional, a falta de profissionais capacitados em análise de dados e vigilância epidemiológica. Na época, não havia epidemiologistas no sistema público de saúde, o que reforça a importância da formação desses profissionais no país. 

Durante o discurso, foi anunciado que o EpiCV passou a integrar a Rede de Parceria Global em Epidemiologia (GFEP, na sigla em inglês), composta por organizações nacionais e internacionais que atuam na governança e nos mecanismos de coordenação da Epidemiologia de Campo. Esse reconhecimento, segundo Lima, representa mais um avanço para o sistema nacional de saúde cabo-verdiano. 

A presidente do INSP ressaltou ainda que a capacitação em Epidemiologia de Campo tem contribuído para o aprimoramento da vigilância epidemiológica no país, citando os avanços na resposta às epidemias de Covid-19 e dengue, impulsionados pelo trabalho dos profissionais já formados pelo programa. 

O Ministro da Saúde, Jorge Figueiredo, também destacou a importância de um sistema robusto de vigilância epidemiológica, especialmente para um país como Cabo Verde, que enfrenta a chamada “dupla carga” de doenças crônicas não transmissíveis e doenças infeciosas. 

“Nos últimos 12 anos, enfrentamos mais de uma dezena de epidemias, incluindo uma pandemia global. Este mês, celebraremos um ano desde a certificação de Cabo Verde como país livre do paludismo pela OMS e estamos num momento crucial, preparando-nos para a certificação da eliminação da transmissão vertical do VIH e da sífilis. Estamos a sair, agora, de mais uma epidemia de dengue”, afirmou. 

O workshop de capacitação de tutores do EpiCV, que decorre até 4 de abril, é voltado para profissionais experientes e novos tutores indicados, tudo para garanir a qualidade da formação da 7.ª turma do programa. 

De realçar que a iniciativa também conta com o apoio do escritório local da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização Oeste-Africana da Saúde (OOAS) e dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC Atlântida). 

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