No dia em que se assinala o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, 10 de setembro, o Instituto Nacional de Saúde Pública promoveu uma webinar sobre “Ações intersectoriais na prevenção do suicídio”, no âmbito das atividades para assinalar o mês da promoção da saúde mental, que decorre de setembro a outubro.
Esta sessão online, que decorreu durante toda a manhã desta quinta-feira, teve como conferencistas Daniel Silves Ferreira, Diretor do Serviço da Psiquiatria do Hospital Agostinho Neto, que falou da atuação do serviço de psiquiatria na prevenção do suicídio, e Aristides da Luz, Coordenador do Programa Nacional de Saúde Mental, que por sua vez fez a abordagem sobre as ações de prevenção do suicídio nos serviços de saúde mental no país.
A Presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública, Maria da Luz Lima, que fez a abertura da referida sessão, sublinhou que essa data é assinalada todos os anos com o intuito de aumentar a consciencialização da população, de que o suicídio só pode ser prevenido se todos estiverem atentos aos sinais que, por vezes, são identificados nos indivíduos que tencionam cometer tal ato.
“O suicídio está muito associado a outras doenças mentais, como a depressão e a esquizofrenia, que são situações em que as pessoas estão muitas vezes isoladas, têm uma melancolia muito grande e, muitas vezes, a causa há que ser pesquisada, pois podem ser causas familiares, sociais ou económicos, que têm que ser investigadas para se fazer essa prevenção”, explicou.
Segundo Maria da Luz Lima, o suicídio em Cabo Verde está entre as primeiras causas de morte por causa externa, representando uma taxa de aproximadamente 40% das mortes, daí a necessidade de ser trabalhado numa abordagem multissetorial.
“Há um trabalho de fundo que se deve fazer a nível da sociedade, da comunidade, no individuo e a vários níveis. Apostamos na prevenção. Acreditamos que trabalhando os fatores de risco, que levam ao suicídio, possa haver uma diminuição do suicídio no país e no mundo, sublinhou”.
Neste ano em que a efeméride é assinalada em tempos da pandemia, Maria da Luz Lima frisou que estudos realizados evidenciaram que a COVID-19 tem aumentado o número do suicídio, a nível mundial, devido ao medo, ansiedade e pânico, que estão associados à mesma, e que por vezes levam as pessoas a algum comportamento extremo.
A Presidente do INSP referiu também que a data é marcada para combater o estigma sobre o suicídio, que ainda existe nos dias de hoje, e ainda relembrar das pessoas que se suicidaram e, por conseguinte, refletir o que pode ser feito para prevenir tal ato.
A propósito, o Instituto Nacional de Saúde Pública se associou também à iniciativa da Associação de Promoção da Saúde Mental – A Ponte, na cerimónia de “Acender de Velas”, em memória das vítimas do suicídio e em apoio às pessoas e famílias que enfrentam este problema, realizado na tarde desta quinta-feira, na praça da Escola Grande no Plateau e, em simultâneo, em todas as ilhas do país.
Para o Diretor do Serviço da Psiquiatria do HAN, em Cabo Verde, particularmente, a depressão e o uso abusivo do álcool representam os principais fatores de risco do suicídio do que as outras patologias, tendo especificado que só a depressão conta com a metade do número de casos registados.
Daniel Silves Ferreira chamou atenção ainda para aquilo que considera ser o grande obstáculo de todos, que é a questão do estigma existente em relação ao suicídio e a outras doenças mentais associadas.
De referir que o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio foi instituído pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial da Saúde, desde 2003, com objetivo de prevenir o ato de suicídio, através da adoção de estratégias específicas pelos países.
É assinalado cada ano, a 10 de setembro, sempre sob um lema específico escolhido internacionalmente. Este ano de 2020 o lema é “Trabalhando juntos na prevenção do suicídio”.