INSP, OMS e parceiros discutiram a questão de uso dos antimicrobianos em Cabo Verde, durante um webinar organizado nesta segunda-feira 23 de novembro.
Enquadrado na Semana Mundial para o Bom uso dos Antimicrobianos que se assinala a partir deste ano de 2020, de 18 a 24 de novembro, várias autoridades designadamente, o INSP, a OMS, a ERIS, a DGASP e a DNA, uniram sinergias para debater a questão da resistência antimicrobiana, do uso racional do antimicrobianos na abordagem “Uma Só Saúde” e também no contexto da pandemia da COVID-19.
O objetivo foi para chamar a atenção para o uso racional dos antimicrobianos, para a população geral, mas também ás instituições, parceiros, profissionais de saúde e entre outros, no sentido de se promover uma atuação conjunta e mais informação sobre a matéria.
De acordo com o Administrador Executivo do INSP, Júlio Rodrigues, a questão de resistência antimicrobiana é um problema de saúde publica sério que merece uma particular atenção pois, a questão de promoção do uso racional dos antimicrobianos é um assunto “bastante antigo”, mas que agora reveste-se de um desafio maior que tem a ver com a pandemia de Covid-19 em que há vários mitos relacionados com a tratamento da doença e não só.
A abordagem de Uma Só Saúde também não ficou esquecida nas discussões deste webinar, pois contou com a participação da DGASP, que apresentou a perspetiva da Direção Geral da Agricultura Silvicultura e Pecuária na questão de bom uso do antimicrobianos.
Para reforça esta perspetiva, Júlio Rodrigue salientou que muito dos problemas que afetam os seres humanos estão relacionados com o meio ambiente e com os animais, porque as saúdes humana, animal e ambiental precisam trabalhar em articulação e de uma forma multissectorial para se fazer face a este problema.
O INSP é da opinião que o país está bem em temos de politicas neste aspeto, pois existem instituições mandatadas para a coordenação multissectorial, nomeadamente a Instância Nacional de Coordenação para estratégia Uma Só Saúde, presidido pelo INSP, a Entidade Reguladora Independente da Saúde (ERIS), o país tem um Plano de Acão Nacional para Combater a Resistência Antimicrobiana e existem uma equipa que foi criada e mandatada para fazer o seguimento e avaliação do Plano.
Para Rodrigues, o combate a resistência antimicrobiana é uma tarefa não só das instituições o dos governos, mas principalmente “de cada indivíduo que deve adquirir os antimicrobianos em lugares seguros e fazer o usos somente sob orientação dos profissionais de saúde.”
Em relação a venda de medicamentos ambulantes que constitui uma prática em Cabo Verde, nalguns meios urbanos. É uma situação que deve ser apreciado e trabalhado em articulação com diversos parceiros, com foco na capacitação e aumento da literacia sobre o assunto.
Para a OMS, a Responsável do Serviços de Emergências do Escritório Local, Flávia Semedo, avançou que “anualmente, ocorrem 700.000 óbitos derretes da resistência antimicrobianos a nível mundial e estima-se que até 2050, ocorrerão 4,1 milhões de mortes no contexto de resistência antimicrobiana, só no continente africano, para além de levar ao aumento dos custos quer para os governos, mas também com impacto muito grande nas famílias. A resistência antimicrobiana também tem grandes impactos nos serviços de saúde, pois implica o internamento e tratamento com antimicrobianos de usos endovenosos e os pacientes são tratados a nível hospitalar e consequentemente o aumento do tempo de internamento.”
O uso inapropriado dos antimicrobianos é uma das principais causas de resistência antimicrobiana e é um tema global que interceta com os objetivos de desenvolvimento sustentável principalmente a meta 3 em que o objetivo é de acabar com as epidemias de HIV, tuberculose, doenças tropicais negligenciadas, doenças infeciosas habitualmente, tratados com os antimicrobianos, hepatites e doenças transmitidas pela agua entre outros.”
De recordar que este webinar faz parte de um conjunto de atividades que está a ser levado acabo, para marcar a Semana Mundial que decore de 18 a 24 de novembro, sob o lema “antimicrobianos: use com cautela”. Realizada anualmente desde 2015, a campanha global da OMS sobre a Semana Mundial para o Bom uso dos Antimicrobianos tem como objetivo aumentar a conscientização sobre o problema da resistência antimicrobiana em todo o mundo e incentivar as melhores práticas na população e no seio dos profissionais de saúde e formuladores de políticas para retardar a progressão do fenómeno e a disseminação de infeções resistentes a medicamentos.